O diagnóstico de câncer de próstata pode trazer muitas preocupações para os homens. Além do medo natural relacionado ao câncer, surgem dúvidas sobre como o tratamento afetará a qualidade de vida, especialmente em relação à continência urinária e à função sexual. Felizmente, os avanços na medicina trouxeram técnicas modernas que permitem tratar o câncer de próstata de forma eficaz, minimizando os impactos na qualidade de vida do paciente.
O que é a prostatectomia radical?
A prostatectomia radical é a cirurgia que remove completamente a próstata e as vesículas seminais, sendo um dos principais tratamentos para o câncer de próstata localizado (quando o tumor ainda está restrito à glândula). Tradicionalmente, essa cirurgia era realizada através de uma grande incisão no abdômen, conhecida como técnica aberta.
Hoje, contamos com técnicas minimamente invasivas que revolucionaram esse procedimento, tornando-o menos traumático e com recuperação mais rápida. Mas o que significa “minimamente invasiva”? São técnicas que utilizam pequenas incisões (de 5 a 10 mm) ao invés de grandes cortes, reduzindo significativamente o trauma cirúrgico.
Técnicas minimamente invasivas: laparoscópica e robótica
Existem duas principais abordagens minimamente invasivas para a prostatectomia radical:
Prostatectomia laparoscópica: Utiliza pequenas incisões por onde são inseridos instrumentos cirúrgicos e uma câmera que transmite imagens ampliadas para um monitor. O cirurgião manipula diretamente esses instrumentos.
Prostatectomia robótica: É uma evolução da laparoscopia, onde o cirurgião controla braços robóticos a partir de um console. O robô reproduz os movimentos do médico com extrema precisão, eliminando qualquer tremor natural das mãos humanas. A visão é tridimensional e ampliada, permitindo identificar estruturas delicadas com maior clareza.
Ambas as técnicas oferecem vantagens significativas em relação à cirurgia tradicional, como menor perda de sangue, menos dor pós-operatória, cicatrizes menores e recuperação mais rápida.
Por que a preservação da continência e função sexual é tão importante?
A próstata está localizada em uma região complexa, cercada por estruturas importantes para a continência urinária e a função sexual. Durante a cirurgia tradicional, era comum ocorrer danos a essas estruturas, resultando em:
- Incontinência urinária: Dificuldade em controlar a urina, que pode variar desde pequenos escapes ao tossir ou fazer esforço até a necessidade de usar fraldas.
- Disfunção erétil: Dificuldade ou impossibilidade de obter e manter ereções satisfatórias para a relação sexual.
Esses efeitos colaterais podem ter um impacto devastador na qualidade de vida e na autoestima dos homens. Por isso, preservar essas funções tornou-se um objetivo tão importante quanto a cura do câncer.
Como as técnicas minimamente invasivas ajudam a preservar essas funções?
O segredo está na precisão. As técnicas minimamente invasivas, especialmente a robótica, oferecem:
Visualização ampliada: O cirurgião consegue ver estruturas pequenas e delicadas com muito mais clareza, identificando nervos e vasos que precisam ser preservados.
Movimentos precisos: A estabilidade dos instrumentos e a eliminação de tremores permitem manobras delicadas próximas a estruturas sensíveis.
Técnica de preservação nervosa: Conhecida como “nerve-sparing”, essa técnica busca preservar os feixes neurovasculares que correm ao lado da próstata e são responsáveis pela ereção. Com a melhor visualização, o cirurgião pode separar cuidadosamente esses nervos da próstata antes de removê-la.
Preservação do esfíncter urinário: A precisão também permite preservar melhor o esfíncter urinário, responsável pelo controle da urina.
Resultados: o que esperar após a cirurgia?
É importante entender que, mesmo com as técnicas mais modernas, pode haver um período de adaptação após a cirurgia:
Continência urinária: A maioria dos pacientes experimenta algum grau de incontinência nas primeiras semanas após a cirurgia. Com as técnicas minimamente invasivas, a recuperação tende a ser mais rápida, com muitos pacientes recuperando o controle total em 3 a 6 meses. Exercícios específicos para fortalecer o assoalho pélvico (conhecidos como exercícios de Kegel) podem acelerar essa recuperação.
Função sexual: A recuperação da função erétil pode levar mais tempo, variando de alguns meses a até dois anos. Fatores como idade, função erétil prévia à cirurgia e extensão da preservação nervosa influenciam esse processo. Durante esse período, existem tratamentos que podem ajudar, como medicamentos orais, injeções penianas e outros recursos terapêuticos.
É importante destacar que a recuperação dessas funções não é instantânea e requer paciência. O acompanhamento médico regular é fundamental para monitorar o progresso e ajustar as estratégias de reabilitação quando necessário.
Quem é candidato à prostatectomia minimamente invasiva?
A maioria dos homens com câncer de próstata localizado pode se beneficiar das técnicas minimamente invasivas. No entanto, alguns fatores são considerados na decisão:
- Estágio e agressividade do tumor
- Idade e estado geral de saúde
- Cirurgias abdominais prévias
- Tamanho da próstata
- Expectativa de vida
A decisão deve ser sempre individualizada e discutida detalhadamente com o médico urologista.
O que considerar ao optar por essa cirurgia?
Se você ou alguém próximo está considerando uma prostatectomia radical, alguns pontos importantes a considerar são:
Experiência do cirurgião: Talvez o fator mais importante para o sucesso da cirurgia seja a experiência do médico com a técnica escolhida. Não hesite em perguntar sobre o número de procedimentos já realizados pelo profissional.
Centro especializado: Busque hospitais e clínicas que realizem esse tipo de cirurgia regularmente e contem com equipe multidisciplinar para o acompanhamento pós-operatório.
Expectativas realistas: Entenda que, mesmo com as melhores técnicas, pode haver um período de adaptação e que os resultados variam de pessoa para pessoa.
Preparação pré-operatória: Seguir todas as orientações médicas antes da cirurgia, incluindo exames e eventuais mudanças na alimentação ou medicação.
Sobre o Médico
Para garantir os melhores resultados em procedimentos urológicos minimamente invasivos, a escolha de um profissional qualificado e experiente é fundamental. Realizei minha residência médica em Urologia no Hospital das Clínicas da UFMG, um dos centros de excelência do país. Buscando aprimoramento constante, completei um Fellowship em Uro-oncologia no Instituto Nacional do Câncer (INCA), onde tive contato com as técnicas mais avançadas no tratamento de tumores urológicos, incluindo a cirurgia minimamente invasiva. Atualmente, integro o corpo clínico do Hospital Bom Samaritano de Governador Valadares que é o Hospital do Câncer da região, trazendo para nossa cidade e todo o leste mineiro procedimentos de alta complexidade com padrão de excelência. Meu compromisso é oferecer aos pacientes não apenas o tratamento mais eficaz do ponto de vista oncológico, mas também preservar ao máximo sua qualidade de vida, com especial atenção à continência urinária e função sexual. Agende uma consulta e conheça as opções de tratamento personalizadas para seu caso, com a segurança de estar em mãos experientes e atualizadas com o que há de mais moderno na urologia mundial.
Conclusão
A prostatectomia radical minimamente invasiva representa um grande avanço no tratamento do câncer de próstata, oferecendo excelentes resultados oncológicos com menor impacto na qualidade de vida. A preservação da continência urinária e da função sexual, que antes eram frequentemente comprometidas, hoje é uma realidade para muitos pacientes.
É importante lembrar que cada caso é único e que os resultados podem variar. O diálogo aberto com o médico, a escolha de profissionais experientes e o acompanhamento adequado são fundamentais para o sucesso do tratamento.
O diagnóstico de câncer de próstata não significa necessariamente o fim da vida sexual ativa ou da qualidade de vida. Com as técnicas modernas e o acompanhamento adequado, é possível superar a doença e manter uma vida plena e satisfatória.